quarta-feira, 20 de março de 2013

Aula de amor


Mas, menina, vai com calma
Mais sedução nesse grasne:
Carnalmente eu amo a alma
E com alma eu amo a carne.
Faminto, me queria eu cheio
Não morra o cio com pudor
Amo virtude com traseiro
E no traseiro virtude pôr.
Muita menina sentiu perigo
Desde que o deus no cisne entrou
Foi com gosto ela ao castigo:
O canto do cisne ele não perdoou.
(Maria Tereza Horta
)

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Nua

Porque me despes completamente
sem que eu nem perceba…
E quando nua
por incrível que pareça
sou mais pura…
Porque vou ao teu encontro
despojada de critérios…
liberto os mistérios
sem perder o encanto
do prazer…
Porque
quando nua
sou única
e exclusivamente
tua…
(Bertolt Brecht )


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XLI


“Apre! Não metas todo… Eu mais não posso…”
Assim Márcia formosa me dizia;
-Não sou bárbaro (à moça eu respondia)
Brandamente verás como te coço:
“Ai! por Deus, não… não mais, que é grande e grosso!”
Quem resistir ao seu falar podia!
Meigamente o coninho lhe batia,
Ela diz: “Ah, meu bem! meu peito é vosso!”
O rebolar do cu (ah!) não te esqueça…
Como és bela, meu bem! (então lhe digo)
Ela em suspiros mil a ardência expressa:
Por te unir faze muito ao meu embigo;
Assim, assim… menina, mais depressa!…
Eu me venho… ai Jesus!… vem-te comigo!
( Barbosa du Bocage)

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XIII


É pau, e rei de paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:
Verga, e não quebra, como o zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro, tem o embigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
Para carvalho ser falta-lhe um u;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.
( Barbosa du Bocage)

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Vi a porteira do mundo entre as pernas da mulher


Glosa:
Caindo em sono profundo
de repente eu tive um sonho
e nesse sonho bisonho
VI A PORTEIRA DO MUNDO
e descobri num segundo
que aquilo que o homem quer
tem mistério e tem mister
mas é fácil de se achar
é somente procurar
ENTRE AS PERNAS DA MULHER.
(Vinicius de Moraes )

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Poesia da menina tesuda


Já tenho quinze anos
Acho que estou crescendo
E quando tiver dezoito
Já quero estar fudendo
Já está chegando o tempo
Estou ficando coxuda
Meus seios estão crescendo
E minha buceta peluda
O rapaz com quem me casar
Não quero que seja broxa
Quero mesmo que ele tenha
Uma pica comprida e grossa
E quando estiver atrasado
Conte com esta buceta
Não fica bem um marmanjão
Se acabando na punheta
E prá quem não sabe
Punheta é a maior ilusão
Você pensa que está fudendo
Mas tá com o caralho na mão
E agora eu me despeço
Fazendo bilú-bilú
Com três dedos na buceta
E dois dedos no cu.
(José :Honório)

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Inédito


Nunca te foram ao cu
Nem nas perninhas, aposto!
Mas um homem como tu,
Lavadinho , todo nu, gosto!
Sem ter pentelho nenhum
com certeza, não desgosto,
Até gosto!
Mas… gosto mais de fedelhos.
Vou-lhes ao cu
Dou-lhes conselhos,
Enfim… gosto!
(António Botto)

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Correi a ver em cena as putas grulhas,
Do Bairro Alto a corja dos pandilhas,
Os fadistas pingões e bigorrilhas,
Que de noite incomodam as patrulhas.
Na tasca da putaria
Na tasca da putaria
Houve ontem grande bulha,
Veio de lá a patrulha,
Pra o Carmo levar me queria.
Um soldado olha para mim,
E me diz: «Marche prà frente,
Barulho não se consente,
Aqui não se quer chinfrim.»
Mas não me faz espantar,
Que tinha vinho nas tripas;
Preguei-lhe quatro chulipas
E depois toca a safar.
Já livre da entalação,
Donde escapei por milagre,
Na tasca do Zé Vinagre
Fui tomar o meu pifão7.
Lambança, risca: alteração da ordem.
Estampas, narcejas, trolhas, trunfos, umas todas: bofetadas.
Rolantear: esfaquear.
Sarda: faca.
Chegada, meio-bordo, picada, risco: facada.
Arrefecer, esfriar, espichar, marar, vindimar, virar: matar.
Muda, naifa: navalha.
Arroz: pancada.
Verdoso: sangue.
Meter a mão aos arames: tirar a navalha do bolso.
A fadistagem de então,
Entre navalhas e vinho,
Junto às amantes fiéis,
Cantava, com devoção,
O fado bem choradinho
Nas tabernas e bordéis
Sempre, sempre de seu rosto
A frescura conservou,
Puta sempre de bom gosto,
Não fugiu de quem pagou:
Em Lisboa fez furores,
Teve dúzias de amadores…
Té dos nobres visitada,
Enriqueceu menos mal.
Entre as putas portuguesas,
Espanholas e francesas,
Ê certeza das certezas
Que não houve puta igual.
Dedica-lhe esses teus cantos,
Ó vate, por gratidão
/…/
Entoem-se os doces hinos
A quem, por lei dos destinos,
Endireitou os pepinos
Da portuguesa nação!
Ali entrou o pissalho
Já do povo, já do rei
f-J
Era uma puta de fama!
Mente quem coiro lhe chama;
Não era puta d’Alfama,
Era uma puta de lei
Assim como as cocas
Cocaram os peixes do mar,
Assim as cocas coquem os homens,
Pra eles de mim gostar,
Pra com eles bom dinheiro ganhar,
Pra com ele comer, beber
E pagar a quem dever…
Em louvor do S. S. Sacramento do alta
Corno! Cabrão!
Dá-me dinheiro, fortuna e pão

enviado por Franjuca

Soneto do amor impuro


Já te comi com os olhos e com as mãos
antropofagia étnica, incesto de irmãos
sei que não raspas teus púbicos pêlos
corta-os baixinhos, aparas os cabelos
Conheço cada ondulação da tua bunda
onde teu ventre se alarga e onde se afunda
qual dos teus seios tem maior volume
e como a tua ira de gozo se assume
Ao banho, onde primeiro tocas o sabonete
a quantas fricções respiras em falsete
deixando a água ser um outro, teu
E se em tua corte fui só mais um bobo
trago comigo um real consolo:
quem mais te possuiu fui eu

(José Régio)

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O PINCEL



Fui uma noite pintar
Com um caneco emprestado;
Eu pintei sem reparar,
Pintei e fiquei pintado.
GLOSAS
Eu comecei com jeitinho
A compor o ramalhete;
Primeiro foi com azeite
E depois foi com cuspinho.
No começo era estreitinho,
Custava o pincel a entrar…
Começa a dona a gritar:
“Não me parta a tigelinha”,
Mas que coisa engraçadinha,
Fui uma noite pintar…
Comecei devagarinho…
Quando fui ao outro mundo
Meti o pincel ao fundo
E parti o canequinho.
Até mesmo o pincelinho
Veio de lá todo pintado,
Eu já estava desmaiado,
Perdendo as cores do rosto;
Mas pintei com muito gosto
Com um caneco emprestado.
Vem a mãe toda zangada:
“Tem que pagar-me a vasilha…
No caneco da minha filha
Não pinta você mais nada…
…Lá isto, a moça deitada,
Sem poder levantar-se,
Com tanta tinta a pingar
No lugar da rachadela!…”
“Diga lá, que desculpe ela,
Eu pintei sem reparar!”…
P’ra que vejam que sou pintor
E meu pincel nunca deixo;
P’ra que saibam que o Aleixo
Não é somente cantor…
Também pinto qualquer flor
E faço qualquer bordado;
Mas aqui o ano passado,
Perdi, de pintar, o tino…
Fui pintar, fiz um menino,
Pintei e fiquei pintado.
(António Aleixo)


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Soprava o vento pela fresta




Soprava o vento pela fresta
A menina comia nêspera
Antes de dar em segredo
O níveo corpo ao folguedo:

Mas antes provou ter tacto
Pois só o queria nu no acto
Um corpo bom como um figo
Não se vai foder vestido.

Para ela em tempos de ais
Nunca o gozo era demais.
Lavava-se bem depois:
Nunca o carro antes dos bois.

(Bertolt Brecht)

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Menina, mulher amante



Menina, mulher amante,
com seus olhos brilhantes,
quero ter você por um instante,
e beber teu prazer constante…

Beijar o teu corpo gostoso,
lamber seu pescoço,
e ser grudento aos poucos…
Se te quero tanto assim,

nesta ilusão tão ruim,
é porque para mim,
és um castigo sem fim…
Na minha serra querida,
tu és a minha guia,
te quero nua de dia,
nem que seja por fantasia.

David Mourão Ferreira)

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Quer Seja Curto Ou Comprido




Quer seja curto ou comprido

Quer seja fino ou mais grosso
É um órgão muito querido
Por não ter espinhas nem osso
De incalculável valor
Ninguém tem um a mais
E desempenha no amor
Um dos papéis principais
Quando uma dama aparece
Ei-lo a pular com fervor
Se é um rapaz, estremece
Se é velho, tem pouco vigor
O seu nome nao é tão feio
Pois tem sete letrinhas só
Tem um R e um A no meio
Começa com C e acaba em O
Nunca se encontra sozinho
Vive sempre acompanhado
Por outros dois orgãozinhos
Junto de si, lado a lado
O nome destes porém
Não gera confusões
Tem sete letras também
Tem L e acaba em ÕES
Para acabar com o embalo
E com as más impressões
Os órgãos de que eu falo…
São o coração e os pulmões.


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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Shemale


Essa mulher que olhei como os parolos,
em plena rua, descaradamente,
essa fonte de incontáveis torcicolos,
loira explosão de desejo urgente,

engatei-a com papas e com bolos
ou seja – notas, resumidamente,
e na cama a meti entre dois golos
de uma rara e velhíssima aguardente.

Despiu-se então ela à minha frente,
da cintura para cima e, de repente,
já não cabia em si meu duro malho.

Porém, logo murchou apavorado
ao ver sob as cuecas enrolado,
entre negros colhões, viril caralho.
(Affonso Romano de Sant'Anna)


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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Delírio

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
Mais abaixo, meu bem! num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
Mais abaixo, meu bem! disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....
(Mário de Cesariny de Vasconcelos)


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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lamentação da beata



Catorze quecas me deu
o padre da minha aldeia
no tempo que decorreu
entre o jantar e a ceia.
Fosse a sua parenética
igual à sua tesão
e adeus ó fé soviética,
adeus Marx, adeus Islão.
Porém a língua lhe fica
presa num tom de falsete
porque só a lubrifica
com o óleo do minete.
Perdeu-se assim um Vieira
por ponderosas razões -
maior que o peso da alma
foi o peso dos colhões.
Foi em vão todo o trabalho
do seminário contra o vício,
marcou um ponto o caralho
na peida do Santo Ofício.

(La Fontaine)

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Azares do caralho



Cansado de engolir caralhos que não via
um velho que do cu fizera ofício
achou por muito bem mudar de vício
e dar também aos olhos alegria.
Assim pensando, ergueu-se o debochado
e frente ao espelho, careca e todo nu,
põe-se a rezar responsos pelo cu
e a soluçar: repousa, ó desgraçado.
Ei-lo que sai em busca de um amante.
A sorte está com ele: logo ali adiante
uma picha se oferece aos seus lábios trementes.
Mas… ó maldito azar! Fica em meio o trabalho
porque o outro lhe foge com o duro caralho
donde pende, asquerosa, a placa dos dentes.

(Fernando Correia Pina)

Enviado por Franjuca

Era a primeira
vez que nus os nossos corpos
Apesar da penumbra á vontade se olhavam
Surpresos de saber que tinham tantos olhos
Que podiam ser luz de tantos candelabros
Era a primeira vez cerrados os estores
Só o rumor do mar permanecera em casa
E sabias a sal, e cheiravas a limos
Que tivesses ouvido o canto das cigarras
Havia mais que céu no céu do teu sorriso
Madrugada de tudo em tudo que sonhavas
Em teus braços tocar era tocar os ramos
Que estremecem ao sol desde que o mundo é mundo
É preciso afinal chegar aos cinquenta anos
Para se ver que aos vinte é que se teve tudo.
David Mourão-Ferreira (Poeta português, 1927-1996)

Enviado por Franjuca

Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo
de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando,
sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no
meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos. Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão. Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutaveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do teu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, mosquito Filho da Puta!

Enviado por Franjuca